๑۩۞۩๑ Bem vindos a minha doce voz de vento ๑۩۞۩๑


31/07/2009

O apanhador de desperdício

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão
Tipo água, pedra, sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas
mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
Eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

(Manoel de Barros)

30/07/2009

Uma professora muito maluquinha

"Tinha voz e jeito de sereia
e vento o tempo todo nos cabelos (na nossa imaginação)"

Era uma vez uma professora que tinha um jeito todo seu de entender o mundo e um modo que todos achavam muito maluquinho de mostrá-lo aos seus meninos. Uma Professora que todos nós já tivemos ou deveríamos ter tido, que parecia uma artista de cinema e que acrescentou aos nossos sentidos um novo sentido: a capacidade de ler e escrever.

Na nossa imaginação ela entrava voando pela sala (como um anjo) e tinha estrelas no lugar do olhar.
Tinha voz e gesto de sereia e vento o tempo todo nos cabelos (na nossa imaginação).
Seu rosto era solto como um passarinho.
Ela era uma professora inimaginável.


Anjo, estrela, sereia, passarinho, essa professora é também diabólica, pois ousa infringir as normas da escola e situar-se ao lado dos deuses. Afinal, em sua opinião, é o professor quem termina por acrescentar ao homem o “sentido que o completa”, ao proporcionar-lhe o desenvolvimento da capacidade de ler e de escrever.

O homem nasce com visão, audição, olfato, tato e gustação. Mas não nasce completo. Falta a ele capacidade de ler e escrever como quem fala e escuta. É a professora que — como um deus — acrescenta ao homem esse sentido que o completa!

Mas não nos apressemos em julgá-la rápido demais. Anjo, demônio, fada ou deusa, essa professora permanece imperfeita, mesmo aos olhos daqueles que a veneram: Não sabe tudo, como querem os mestres em seu lugar de mestres, mas apenas o que lhe for suficiente para seguir seu desejo (a História e a Geografia para viajar pelo mundo); não está sempre atenta e responsiva, mas, às vezes, chega “na sala com um bico maior que o de um tucano”; não acerta sempre, mas possui a sabedoria daqueles que conseguem fazer do erro um outro caminho, um caminho possível.

Quem será capaz de trilhar, com essa professora inesquecível, esses caminhos do erro e da errância de uma aprendizagem?
  • Meu desejo é fazer da sala de aula uma ciranda de roda. Sondar a imaginação de cada criança que me foi dada a oportunidade e o previlegio de ensinar a ler, a escrever e a viver.
  • Meu desejo é fazer de um ano escolar o melhor e o mais significativo para que quando forem adultos se lembrem das tantas risadas e brincadeiras que tivemos juntos.
  • Meu desejo é poder olhar lá na frente e saber que cada um levou consigo um pouco de mim, sendo ou não a sua fada azul, sua fonte de inspiração para criar e imaginar histórias que não são permitidas realmente.
  • Meu desejo é olhar para cada um e dizer: vale a pena sonhar e imaginar, vale a pena brincar de aprender e aprender a brincar, sempre.
As minhas queridas (e melhores) professoras: Dinda Rosa Malena, Estela Mari e Flávia Cristina e aos meus pequenos, em especial ao: Meu Gui, da sua sempre fadazul.

De ontem em diante...

De ontem em diante serei o que sou no instante agora
Onde ontem, hoje e amanhã são a mesma coisa
Sem a idéia ilusória de que o dia, a noite e a madrugada
são coisas distintas
Separadas pelo canto de um galo velho
Eu apóstolo contigo que não sabes do evangelho
Do versículo e da profecia
Quem surgiu primeiro? O antes, o outrora, a noite ou o dia?
Minha vida inteira é meu dia inteiro
Meus dilúvios imaginários ainda faço no chuveiro!
Minha mochila de lanches?
É minha marmita requentada em banho Maria!
Minha mamadeira de leite em pó
É cerveja gelada na padaria
Meu banho no tanque?
É lavar carro com mangueira
E se antes, bem antes, um pedaço de maçã
Hoje quero a fruta inteira
E da fruta tiro a polpa... da puta tiro a roupa
Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro...
Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras, das besteiras e das besteiras que fizemos ontem.

29/07/2009

O bem amado



Como pode ser gostar de alguém... E esse tal alguém não ser seu.
Fico desejando nós gastando o mar. Pôr do Sol, postal, mais ninguém.
Peço tanto a Deus para esquecer, mas só de pedir me lembro.
Minha linda flor, meu jasmim será. Meus melhores beijos serão seus.
Sinto que você é ligado a mim. Sempre que estou indo, volto atrás.
Estou entregue a ponto de estar sempre só.
Esperando um sim ou nunca mais.
É tanta garça, lá fora passa o tempo sem você.
Mas pode sim, ser sim amado e tudo acontecer.
Sinto absoluto o dom de existir, não há solidão, nem pena.
Nessa doação, milagres do amor sinto uma extensão divina.

28/07/2009

Tô meio démodé


Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número de comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo "o solteirão infeliz", mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabor
(assino em baixo também)

Pin-up

Oh não!

Objeto violentO (ai ai ai)

Toda paz que preciso pra hoje.


Eu quero uma casa no campo...

Onde eu possa compor muitos rocks rurais.

E tenha somente a certeza dos amigos do peito e nada mais.
Eu quero uma casa no campo...

Onde eu possa ficar no tamanho da paz.

E tenha somente a certeza dos limites do corpo e nada mais.

Eu quero carneiros e cabras pastando solenes no meu jardim.

Eu quero o silêncio das línguas cansadas.

Eu quero a esperança de óculos...

Meu filho de cuca legal.

Eu quero plantar e colher com a mão a pimenta e o sal.

Eu quero uma casa no campo do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé...

Onde eu possa plantar meus amigos...

Meus discos e livros...

E nada mais.

23/07/2009

Foi bOm

.

. No dia em que fui feliZ .

.

22|o7|2oO9

22/07/2009

Palavra de dinda - Minha dindinha

Amar sem medidas é o que Deus quer de nós.
Então, procure amar sem medidas...
Mesmo aquele "pestinha" que só quer te fazer mal...
Pois este é tão infeliZ.

Eu amo sem medidas e sou muito, mas muito, mas muito feliz.
E pode ter certeza, se você fizer isso você vai ser muito feliZ.

Palavra de dinda.

Dinda Rosa Malena.

21/07/2009

Aos meus Q-ridos. (dia do amigO - 2O/O7/2OO9)


Desejo a você...
Fruto do mato... Cheiro de jardim
Namoro no portão... Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor... Sábado com seu amor
Filme do Carlitos...Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga... Viver sem inimigos
Filme antigo na TV... Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você... Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior... Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável... Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia... Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus. Não Ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus... Rir como criança
Ouvir canto de passarinho... Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor... Que nunca será rasgado
Formar um par ideal... Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal... Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação... Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça... Uma festa
Um violão... Uma seresta
Recordar um amor antigo... Ter um ombro sempre amigo...
Bater palmas de alegria... Uma tarde amena...
Calçar um velho chinelo... Sentar numa velha poltrona...
Tocar violão para alguém... Ouvir a chuva no telhado...
Vinho branco... Bolero de Ravel...
E muito carinho meu.

20/07/2009

Um titulo com medo

Medo. Medo de escrever e não sair nada.
Não rimar condão com fada. Não confrontar a metáfora com a ênclise, atrás da porta que acabei de grafar. Medo do til ter medo de altura, e transformar meu ão em um monossilábico ao, com a redução do o a u, uma semivogal. Medo do i não aceitar o pingo, e ao lado de um zero, formar uma facção de códigos binários. Medo do ar não entrar pelo fonema, e este nunca sair nasal. Medo do texto atonal. Medo da falta de rimas métricas e assimétricas. Medo de sequestro de letras. Do papel em branco. Medo do silêncio do teclado. Do estado hiperbólico das sentenças. Morrer de medo. Estar aquém de um grande verso. Medo do reverso da poética. A metálica forma do medo. Medo de escrever plástico só por sua acepção. Medo das crases. Dos acentos circunflexos, por não existirem os circônflacos. Medo dos flancos do dois pontos. Medo do assombro sem exclamação. Medo do não com ponto final. Do mal uso da cedilha. Das filhas da letra ésse quando se unem aos verbos. Do que fazem com eles. Medo da interrogação. Medo de títulos e epígrafes. Medo de gafes. Medo da origem das palavras. Se nascem mortas de medo. Medo das línguas esquecidas serem as mesmas das quais me lembro. Medo de abuso do texto. Do limite de linhas. Dos rodapés e rubricas. Medo que o trema não seja nunca mais utilizado. E com ele vá-se embora toda a intriga. Medo da falta de idéias. Ou do extremo oposto. Algumas delas ressurgirem do esquecimento para o repetido uso. Medo do p e b mudos. Do hífen do contra-ataque da curva dramática de um texto. Do abandono entre parênteses das reticências por medo. Medo do travessão e da vírgula. Do narrador e da terceira pessoa. Do protagonista. Do epílogo. De uma frase sair à toa. Medo de assinar o final do texto. Da confissão do confuso. Do mal hábito de sentir tudo muito absurdo. E saltar. Soltar a folha cheia de medos por cima do resto do mundo.

De Ana para Ana.

Friendship = Love boy ♥ my best


Você se apaixonou pelos meus erros
Não fique pela metade
Vá em frente meu amigo
Destrua a razão deste beco sem saída
E eu perdi as chaves, mas que cabeça minha
Agora vai ter que ser para toda vida
Somos o que há de melhor...
Somos o que dá pra fazer...
O que não dá pra evitar,
E não se pode escolher...
Se eu tivesse a força que você pensa que eu tenho
Eu gravaria no metal da minha pele o teu desenho
Feitos um pro outro
Feitos pra durar

Uma luz que não produz sombra.

19/07/2009

UM DOS S3T3...


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O batom deslizava pelos lábios superiores e os inferiores roíam-se de inveja.

18/07/2009

Que seja doce.

Então, que seja doce.

Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim:
Que seja doce.
Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte:
Que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.
Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder.
Tudo é tão vago como se fosse nada.
Ninguém perguntará coisa alguma, penso. Depois continuo a contar para mim mesmo, como se fosse ao mesmo tempo o velho que conta e a criança que escuta, sentada no colo de mim(...)

Na cafeteria | Reencontro

Sobre a mesa, uma pasta, uma bolsa, um guarda-chuva preto (e um céu que não queria chover), adoçante, açúcar (esqueceste de pedir o mascavo), sorrisos largos, uma bandeja "suicida", uma fatia gigantesca de torta (que tu juraste que não comerias inteira), um café com leite, um expresso duplo, pequenos goles, grandes planos.
E quatro mãos que matavam a saudade.

- Um dia, casa comigo?
- Caso.


PS: Porque de vez em quando a poesia não está nas linhas, entrelinhas, reticências, letras do Djavan, na voz da Marisa. De vez em quando a poesia habita dois corações. E apenas dois corações sabem do que são capazes.

...Porto Alegre não é tão longe assim, talvez Minas seja mais perto, ou quem sabe se Recife é o lugar certo? São Paulo faz muito frio, no Rio o calor é grande e Paraiba é muito distante.
Vou ficando por aqui, o coração é o lugar que deixo minha saudade.
Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu.
a ausência torna o coração mais amante sobre todas as coisas.
É um matar saudade... É um encontrar de novo.


...

...tive vontade de perguntar, como uma mesma coisa podia ser tão medonha e tão gloriosa,
e ter palavras e histórias tão amaldiçoadas e tão brilhantes.
Nenhuma dessas coisas, porém, saiu de minha boca.
Tudo que pude fazer foi virar-me para Liesel Meminger e lhe dizer a única verdade que realmente sei.
Eu a disse à menina que roubava livros e a digo a você agora.

((((Os seres humanos me assombram))))

UltimatO

"Há relações que são antigas e familiares.
As que provocam muitos questionamentos,
As que nos levam a lugares inesperados,
As que nos levam para bem longe de onde começamos,
As que nos trazem de volta...
De todos os relacionamento o mais emocionante, o mais desafiante e significativo é o que você tem com você mesmo...
E se você encontrar alguém que ame o que você ama...
Isso é Fabuloso"

Carrie Bradshaw - SEX AND THE CITY

17/07/2009

Ѽ Basta para sempre. Ѽ


"Olhe - Eu disse. - Eu o amo mais do que qualquer coisa no mundo. Isso não basta?
- Sim, basta. - Respondeu ele, sorrindo. - Basta para sempre.
E ele se inclinou para encostar os lábios frios mais uma vez no meu pescoço."

Ѽ Twilight

Uma visão fora de mim (as vezes faz bem)

Day, bela Day
Comete erros.
E há dias que comete outros mais.
Às vezes cansa de ser forte...
Tem dias que não.
Procura não se acomodar com a rotina diária.
Inventa frases... Conta histórias, lembra de sonhos...
Coloca tudo no papel e procura realizar.
Supera os problemas, tem tantos outros ainda para resolver.
Precisa de cuidados constantes...
É vaidosa, sabe se amar.
Despreza a inveja, se encanta com a ternura.
Vive em harmonia com a natureza...
Ela ama os animais...
É transparente e se desespera com a dor...
Mas sabe se curar, o tempo ensina.
Sabe chorar e sabe sorrir.
A vida a fez assim, goza feliz e sabe se entregar!
Tão menina, tão mulher... Fada dos ventos.
Você é assim.

Por: Thais.

O que Sônia pensa?

Vejo restos de memórias boiando num rio,
Num rio que talvez não exista...
Passam na corrente gestos e fatos..
Eis um fato antigo.
Vejo também pedaços de mim mesma por toda parte...
Meu Deus, como era mesmo o meu rosto, meus cabelos, cada uma de minhas feições?
Minha senhora, esqueci meu rosto em algum lugar.
Mas não saio daqui, antes de saber quem sou e como sou.

(Valsa nº6 - II ato)
= Sobra tanta falta =

TeatrO.

TeatrO.
Cada palavra dita, cada expressão retorcida, cada gesto, o menor deles, feitos em um palco, não são apenas gestos, palavras e expressões, pois cada um deles é feito por nossas vozes interiores, vozes da alma, que gritam desesperadamente para ganharem vida.Vozes que afagam e que elevam nossas mentes, levando-as para uma transição entre o real e o imaginário. Cada personagem é uma vida e uma renovação no nosso modo de pensar e agir. Essas personagens jamais serão esquecidas, sempre viverão em nossas mentes, estão em movimento contínuo, misturam-se e criam sempre mais, com um pouco de uma e um pouco de outra, novas, novas e mais novas personagens são criadas e apreciadas por aqueles que tem o prazer e o dom de entendê-las. "O público vai ao teatro por causa dos atores. O autor de teatro é bom na medida em que escreve peças que dão margem a grandes interpretações dos atores. Mas, o ator tem que se conscientizar de que é um 'cristo' da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva. O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha muita coragem, muita humildade, e sobretudo um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de seus personagens, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidade padronizados, como os hipócritas com seus códigos de ética pretendem." Plínio Marcos"

Meu bem querer.

Meu bem querer.
Nada é melhor do que minha palheta preta no meu violão velho de cordas descoordenadas, tocando melodias sem tom, letras sem nexo e gritos de solidão. Inicio de coisa boa, misturado com um som sem igual, desafinado, mas ainda assim perfeito, lindo, uma arte abstrata, subjetiva e cheia de dúvidas. Minha linda palheta preta toca com precisão nas velhas cordas cheias de nós do meu velho violão. (Day Guedes)

"E metade de mim é platéia e a outra metade canção... por inteira sou arte"

"E metade de mim é platéia e a outra metade canção... por inteira sou arte"
Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio, que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca, pois metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. Que a música que ouço ao longe seja linda, ainda que tristeza que a mulher que eu amo seja pra sempre amada mesmo que distante, porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade. Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento, porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço, que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada, porque metade de mim é o que penso e a outra metade um vulcão. Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável, que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infância, porque metade de mim é a lembrança do que fui e a outra metade não sei. Que não seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito, e que o teu silêncio me fale cada vez mais, porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço. Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer, porque metade de mim é platéia e a outra metade é a canção. E que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor e a outra metade também.