๑۩۞۩๑ Bem vindos a minha doce voz de vento ๑۩۞۩๑


26/04/2013

É isso.


Eu me perdoo porque em vários momentos, fui injusta com você, comigo. Deixei que as minhas expectativas se tornassem exigências e julguei pessoas inteiras por causa de uma única atitude. Eu me perdoo porque na tentativa diária de acertar, cometi inúmeros erros por medo de errar. Fui áspera quando estava assustada e precisava pedir abraço, ajuda. Fui dócil por interesse, por necessidade de ser aceita para minha falsa completude. Eu me perdoo porque, não estando inteira para mim, doei fragmentos do que eu tinha, fui cínica com a minha poesia, falei de amor quando o que eu sentia era carência. Eu me perdoo por tantas vezes, não perdoar tua displicência, invadir tua individualidade, reclamar tua ausência. Eu me perdoo pela falta de compreensão e paciência com as minhas limitações e com as suas. Eu me perdoo por tirar a roupa quando você queria me sentir emocionalmente mais explícita, não apenas me ver nua. Eu me perdoo por ter me anestesiado tanto tempo e desrespeitado minha angústia, negligenciado qualquer aprendizado que trouxesse sofrimento. Eu me perdoo por rasurar com minhas autocríticas, os meus melhores momentos. Eu me perdoo porque sou imperfeita e humana, mas já pretendi a perfeição do Outro, mesmo não havendo importância ou a possibilidade disto. Por querer receber aquilo que nem eu tinha para dar. Por insultar querendo que a mudança fosse alheia porque julgava ser do Outro o medo de transcender, de transmutar. 

Eu me perdoo por ter vivido por tantos anos sem me perdoar.

Marla de Queiroz

Cadê?


Poucas vezes me senti tão atraída por alguém que não me despertasse um tesão intelectual. Mas ele, apesar de não ter lido Bachelard, tem a sensibilidade de conversar com plantas, bichos, abraçar árvores, e uma docilidade sem tamanho. É tudo muito simples: me olha com admiração e se preocupa se estou confortável onde quer que estejamos. E promove este conforto. Não sou insegura, mas ele tem um abraço que me blinda de qualquer medo. Porque guarda nos olhos essa tranquilidade que carrega na alma. Ele ri de qualquer excentricidade minha, topa qualquer cena em público de brincadeira e caímos na gargalhada juntos, vendo as pessoas boquiabertas. Ele tem o charme e a beleza que nunca vi em ninguém. E o melhor: não sabe disto. Nunca se vangloria por nada. E o que não leu, adora que eu leia para ele, e se emociona porque acha o trecho mais bonito em minha voz. Ele acha que eu absorvo o texto e vou encontrando peculiaridades tão sutis no contexto que seus olhos marejam. E ele me explica isto de um jeito muito delicado: sorri comovido e diz “que bonito, Meu Deus, como é bonita a cena toda: você, sua voz, sua paixão pela leitura, os trechos que você escolhe...”
Eu o abraço, porque não sei agradecer coisas tão grandiosas. E nunca analisamos se o que sentimos é amor, nunca tentamos dar nome aos nossos sentimentos. A gente se quer muito bem, isto é explícito. E a vontade de estar junto não acompanha qualquer dependência ou obsessão, nossa individualidade é respeitada e tem vida própria. Mas a gente gosta de ter qualquer parte do corpo sempre encostada na pele do outro. A gente gosta de batata frita com sorvete e água com gás. A gente gosta de imaginar que as estrelas cadentes vão cair nas nossas testas. A gente gosta de deitar na areia à noite no meio da praia e falar de vagalumes e planetas e marés... A gente vive se colorindo de fantasias pueris só para poetizar nossos instantes. E é com ele que eu tenho vontade de colocar uma pequena mochila nas costas e desbravar todas as paisagens internas, externas, e desaparecer dentro delas.

Marla de Queiroz

Não te quero, mas não te deixo"


Relacionamentos doentios, obsessões e afins também são tão nocivos quanto as drogas. As pessoas que vivem em função disso procuram uma forma de se anestesiar o tempo todo, usam o Outro como foco e fogem de si mesmas. Cuidar da própria vida dá trabalho porque exige um aprimoramento que é um exercício diário. Mas é delicioso ser sua melhor companhia. Na teoria parece muito fácil, mas não é. Eu sei. Só que nem ao menos vejo as pessoas tentando. Me perguntam como conseguir se desvencilhar de alguém que subtrai, suga, machuca. Digo que ADEUS foi feito para isso. Respondem: “mas é tão difícil!”. Ora, se fosse fácil ninguém sofreria. O imediatismo faz o ser humano se expor e se submeter a circunstâncias de alívio imediato catastróficas. E que nada mais é do que postergar a cura de uma dor que precisará ser cuidada adiante. É um insulto tentar tornar o Outro, aquele que te rejeita, refém da sua loucura com as inúmeras tentativas de ver nas entrelinhas de um gesto educado, esperança para algo maior.
É uma insanidade viciar-se na adrenalina da manipulação do “não te quero, mas não te deixo” e ficar idealizando histórias sólidas com pessoas afetivamente indisponíveis, sejam comprometidas ou não. Neste caso, só há fragilidade e um tempo perdido que jamais será recuperado. E você só dá sua carência, não o seu amor.

Marla de Queiroz

24/04/2013

Minha melhor namorada... (Soulstripper)

não te traí tanto assim, é exagero terminar. ♪

14/04/2013

Vou desligar...


E como eu faço pra não amar suas ligações tarde da noite? No fim do seu dia, da sua diversão. A palavra fim sempre entre a gente, é nosso destino, sempre foi. Me derreto e me seguro, escorrendo pelas mãos, pra cair pelo quarto e não passar líquida pelo telefone. Quero que você me imagine a mais sólida possível, atendendo só mais uma ligação casual. Deus me livre que fosse perceptível meu sorriso de orelha a orelha e meu coração pulando que nem criança. Esse é o bom dos meios de comunicação, a vantagem em cima do maldito contato pessoal, que entrega qualquer hesitação indesejada. E com você, elas são tantas. Você me provoca, eu te provoco. É como sempre, chumbo trocado, amor afiado, a especialidade da casa. A gente não se procura, se rende, essa é a palavra. Reluto, bato pé pra não atender aos seus pedidos em tom de brincadeira, que no fundo, é só um pedido sincero, do que o seu coração precisa e você tenta esconder também de você próprio. Não e não, porque eu preciso também e preciso bem mais! "-Vou desligar." "-Tá bom.", mas nunca desliga. E de repente eu percebo que isso caracteriza não só as nossas ligações, mas toda a nossa história...
 Todo o nosso amor.

Tudo boato.


Quem foi que disse que mulher não sabe usar? Queria desmentir esse boato. Uma mulher domina a arte do cinismo como ninguém. Talvez nós sejamos os seres mais manipuladores e calculistas da face da Terra, eu admito. Mulher é a pessoa que, logo depois do primeiro encontro ou até antes, já arquiteta toda a continuidade e o fim daquilo. Não se engana, não! Mulher quando quer terminar, não se abre a argumentação ou possibilidades. Quando não, usa psicologia inversa, faz cena, usa técnicas desconhecidas e até outras pessoas pra conseguir o que quer. A gente sabe como ser má e sabe muito bem, pior: Sabe quando ser, uma privilégio quase que exclusivamente feminino. A gente divide os homens em diversos tipos, “Pra namorar”, “Pra ficar”, “Pra fugir”... e muitos subtipos também, só na categoria “Cafajeste”, já são pra lá de 10 subdivisões. A gente sabe bem quando o cara é problema, encrenca ou solução. E a escolha é livre, sem essa de enganação. A tendência ao caminho mais difícil é natural, eu gosto de explicar assim: Homem não tem instinto de sexo? E é só por isso que eles, coitados, sempre traem, mentem, colecionam e tudo mais. Pois bem, nosso extinto é solucionar, curar, provar o contrário. E o carinha-problema é um desafio explícito, inquestionavelmente mais interessante. Se acaba em dor, tudo bem, não poderia ser mais familiar. Assumir o papel de vítima é só mais uma técnica milenar, que a gente aprende assim que nasce. Essa sina de se apaixonar pela dor, pelo sofrimento, pela tortura masoquista, quase nunca pelo carinha em si. Um ciclo um tanto quanto doentio, muito viciante. Se começa a dar certo, alguma coisa tá muito errada. Drama e desconfiança são duas coisas que a gente aprimora todos os dias, não dá nem pra competir, é natural como respirar. E chega um momento na vida, que de tanto repassar os textos, nós esquecemos a encenação e acreditamos, realmente, ser pobres coitadas. Longe disso! Eu tô aqui pra dizer que nenhuma mulher é a “namoradinha que o fulano não deu valor, tadinha”. Toda mulher é mais que isso, é o que sobrou disso, é o depois. É o plano de vingança, elaborado detalhadamente, por anos. É acabar sendo feliz, por acidente, e destruir o ex namorado com o mais sincero sorriso do mundo, sem querer. Mulher é quem arruma motivos por anos, pra continuar na zona confortável de sofrimento por um cara sem graça, só pra não ficar entediada. E depois passar por ele rindo, achando até meio patético, sem acreditar no quanto sofreu por aquilo. Escravas do amor, do impulso, essa gente desequilibrada que ás vezes joga, outras vezes se joga. E encontra a liberdade quando descobre que vítimas, no fim das contas, são os coitados dos homens. Mulher é superação, eloquência, sedução. Nada de mocinha indefesa: Mulher é bandida, por acidente ou de propósito.

...

des-loUca-da

01/04/2013

= Sobra tanta falta =

TeatrO.

TeatrO.
Cada palavra dita, cada expressão retorcida, cada gesto, o menor deles, feitos em um palco, não são apenas gestos, palavras e expressões, pois cada um deles é feito por nossas vozes interiores, vozes da alma, que gritam desesperadamente para ganharem vida.Vozes que afagam e que elevam nossas mentes, levando-as para uma transição entre o real e o imaginário. Cada personagem é uma vida e uma renovação no nosso modo de pensar e agir. Essas personagens jamais serão esquecidas, sempre viverão em nossas mentes, estão em movimento contínuo, misturam-se e criam sempre mais, com um pouco de uma e um pouco de outra, novas, novas e mais novas personagens são criadas e apreciadas por aqueles que tem o prazer e o dom de entendê-las. "O público vai ao teatro por causa dos atores. O autor de teatro é bom na medida em que escreve peças que dão margem a grandes interpretações dos atores. Mas, o ator tem que se conscientizar de que é um 'cristo' da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva. O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha muita coragem, muita humildade, e sobretudo um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de seus personagens, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidade padronizados, como os hipócritas com seus códigos de ética pretendem." Plínio Marcos"

Meu bem querer.

Meu bem querer.
Nada é melhor do que minha palheta preta no meu violão velho de cordas descoordenadas, tocando melodias sem tom, letras sem nexo e gritos de solidão. Inicio de coisa boa, misturado com um som sem igual, desafinado, mas ainda assim perfeito, lindo, uma arte abstrata, subjetiva e cheia de dúvidas. Minha linda palheta preta toca com precisão nas velhas cordas cheias de nós do meu velho violão. (Day Guedes)

"E metade de mim é platéia e a outra metade canção... por inteira sou arte"

"E metade de mim é platéia e a outra metade canção... por inteira sou arte"
Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio, que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca, pois metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. Que a música que ouço ao longe seja linda, ainda que tristeza que a mulher que eu amo seja pra sempre amada mesmo que distante, porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade. Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento, porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço, que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada, porque metade de mim é o que penso e a outra metade um vulcão. Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável, que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infância, porque metade de mim é a lembrança do que fui e a outra metade não sei. Que não seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito, e que o teu silêncio me fale cada vez mais, porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço. Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer, porque metade de mim é platéia e a outra metade é a canção. E que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor e a outra metade também.