Era uma vez uma professora que tinha um jeito todo seu de entender o mundo e um modo que todos achavam muito maluquinho de mostrá-lo aos seus meninos. Uma Professora que todos já tiveram ou deveríam ter tido, que parecia uma artista de cinema e que acrescentou aos nossos sentidos um novo sentido: a capacidade de ler e escrever.
- Tinha voz e gesto de sereia e vento o tempo todo nos cabelos (na nossa imaginação). Seu rosto era solto como um passarinho.
Anjo, estrela, sereia, passarinho, essa professora é também diabólica, pois ousa infringir as normas da escola e situar-se ao lado dos deuses. Afinal, em sua opinião, é o professor quem termina por acrescentar ao homem o “sentido que o completa”, ao proporcionar-lhe o desenvolvimento da capacidade de ler e de escrever. Mas não nos apressemos em julgá-la rápido demais. Anjo, demônio, fada ou deusa, essa professora permanece imperfeita, mesmo aos olhos daqueles que a veneram: Não sabe tudo, como querem os mestres em seu lugar de mestres, mas apenas o que lhe for suficiente para seguir seu desejo. Não está sempre atenta e responsiva, mas, às vezes, chega “na sala com um bico maior que o de um tucano”; não acerta sempre, mas possui a sabedoria daqueles que conseguem fazer do erro um outro caminho, um caminho possível.
Ziraldo
- Meu desejo é fazer da sala de aula uma ciranda de roda. Sondar a imaginação de cada criança que me foi dada a oportunidade e o privilegio de ensinar a ler, a escrever e a viver.