Até quando os professores serão expostos ao ridículo dessa forma? Acredito que até quando ao aluno for dado o direito de tudo poder fazer. “O professor é agredido porque não sabe tratar o aluno”, dizem alguns. Queridos, o professor é agredido porque pai e mãe não cumprem seu papel que é o de educar antes mesmo do primeiro contato da criança com a escola. Não ensinaram que o mais velho deve ser respeitado, que o diálogo é a forma mais inteligente que o ser humano utiliza para resolver seus conflitos, e por último, não ensinaram que no decorrer da vida perdemos e ouvimos a palavra NÃO inúmeras vezes. Já perceberam que as crianças não sabem mais perder? Perder é bom, nos ensina que existem pessoas melhores que nós, estimula o exercício do treino, da disciplina e do auto conhecimento. É claro que perder não pode se tornar uma constante em nossa vida. Não pode levar ao comodismo. Por isso, é papel, tanto de pais quanto dos educadores, estimular e valorizar os resultados obtidos, sejam eles quais forem.
O professor também tem sua parcela de responsabilidade. Faz uso da arrogância, da discriminação e do descaso aos alunos e suas necessidades. Alguns até repetem o discurso medíocre do “não ganho pra isso”. Ganha sim, professor! E antes que eu me esqueça, foi sua escolha profissional, não foi? Portanto, não utilize a remuneração como desculpa para aulas pobres e desinteressantes, assumindo de vez o seu lugar de professorzinho de merda, pois para isso, o que você ganha está passando de bom… Já aos que se esforçam, lutem sim pela conquista de salários dignos e menos vergonhosos. É seu direito e responsabilidade dos governantes, mas parece que na atual conjuntura as palavras responsabilidade e governante não combinam.
Embora não tenha feito parte dessa geração, tenho saudade da época em que os professores eram respeitados pelo exercício do magistério, ou seja, eram respeitados porque eram professores. Não pense você que defendo uma Pedagogia arbitrária e excludente, defendo, a idéia de que respeito e autoridade não se conquistam, já que só preciso conquistar aquilo que não tenho. O conhecimento teórico que adquiro constantemente, a prática consciente de um fazer pedagógico que respeita a individualidade dos alunos, a profissão que escolhi e a qual me dedico com dignidade e amor, me garantem o direito de ser respeitada. O que precisamos conquistar na escola é a admiração dos nossos alunos, é o olhar de encantamento por uma aula bem mediada. Pensemos nisso.
Não dá mais para a família delegar à escola o papel da educação integral de seus filhos, é hora dos pais reassumirem seus lugares de responsabilidade pelos atos e frustrações, não se omitindo do direito de ensiná-los o que lhes foi passado por seus pais, que com certeza, melhor do que eles, educavam, impunham limites e amavam verdadeiramente.
E quanto a essa história de educação integral que as escolas vêm pregando atualmente? Difícil dizer o que é papel da escola ou não, mas pra mim, educar integralmente é respeitar os limites de tempo para o aprendizado de cada aluno, oferecer um espaço adequado para a criança e ter em seu corpo docente, professores que ensinem a criança a ler, escrever, interpretar, significar e contextualizar. De que adianta transformar a criança em um cidadão crítico se ela ainda nem sabe ler um livro? Gente burra não tem o direito de ser crítica. Ninguém respeitará sua criticidade. Chega de educar para a vida. A escola deve ser a vida, pois dentro dela, todos os dias acontecem situações do cotidiano. A gente vive dentro da escola e não apenas quando saímos de seus portões para fora.
Como educadora, acredito que enquanto a escola e os pais não se reconhecerem como responsáveis, juntos, pela formação integral do indivíduo, ficaremos perdidos. Cada um do seu lado ficará apontando o dedo para a falha do outro, deixando de executar uma ação simples, que é a de educar com parceria, reconhecendo fraternamente sucessos e fracassos.
Quanto a professora agredida, não sei seu nome, mas de uma forma sutil e educativa, na próxima reunião de pais, usarei essa figura, para que possamos todos refletir juntos sobre as responsabilidades de cada um. Fica pra ela meus sinceros sentimentos e um abraço fraterno.
(Sabrina M. - 17|O8|2OO9)
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